A historiografia brasileira sobre a África é paupérrima e repleta de engodos. Caso paradigmático é a REVOLTA DOS MALÊS guerra de escravos de origem islâmica (em forma de jihad), ocorrida em 1835 em Salvador, capital da então província da Bahia, no Brasil.
Planejada por elementos que possuíam experiência anterior de combate, na África, de maneira geral, os malês PROPUNHAM O FIM DO CATOLICISMO e confisco dos bens de todos os brancos e mulatos com a consequente implantação de uma MONARQUIA ISLÂMICA.
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Entre 25 e 27 de janeiro de 1835 ocorreu uma revolta na cidade de Salvador, capital da então Província da Bahia. Os principais personagens desta revolta foram escravos pretos muçulmanos que exerciam atividades livres e eram denominados “negros de ganho” (alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros). Por serem seguidores do Islamismo mantinham uma comunidade com costumes próprios em relação aos pretos e mestiços cristãos e de religiões africanas.
Conflitos entre pretos islamizados e de religiões nativas africanas ocorriam por séculos na África e, além da diversidade étnica e de línguas, eram um dos elementos de divisão entre os africanos escravizados trazidos ao Brasil e seus descendentes. Os pretos muçulmanos eram em sua maioria iorubás (também conhecidos como nagôs), mas havia também hauçás (povo originário da atual organização islâmica Boko Haram). Muitos falavam árabe, diferentemente dos pretos de religião nativa africana. Os de idioma iorubá referiam-se a eles como ‘malês’, que significa muçulmano.
“Salvador tinha na época da revolta em torno de 65.500 habitantes, dos quais cerca de 40 por cento eram escravos. Entre a população não-escrava a maioria era também formada por africanos e seus descentes, chamados na época de crioulos quando eram negros nascidos no Brasil, além dos mestiços de branco e negro, chamados de pardos, mulatos e cabras. Juntando os negros e mestiços escravos e livres, os afro-descendentes representavam 78 por cento da população. Os brancos não passavam de 22 por cento. Entre os escravos, a grande maioria (63 por cento) era nascida na África, chegando a 80 por cento na região dos engenhos de açúcar, o Recôncavo”, afirma João José Reis em “180 anos da Revolta dos Malês”.
Os revoltosos, cerca de 1500, queriam acabar com o Catolicismo (religião oficial do Império do Brasil e introduzida no país desde a chegada dos conquistadores portugueses), realizar o confisco dos bens e escravizar ou eliminar mulatos, brancos e pretos não muçulmanos, e implantar uma república islâmica:
“Há indícios de que não tinham planos amigáveis para as pessoas nascidas no Brasil, fossem estas brancas, negras ou mestiças. Umas seriam mortas, outras escravizadas pelos vitoriosos malês. Isso refletia as tensões existentes no seio da população escrava entre aqueles nascidos na África e aqueles nascidos no Brasil. Que fique bem claro: os negros nascidos no Brasil, e por isso chamados crioulos, não participaram da revolta, que foi feita exclusivamente por africanos”, comenta o mesmo autor.
De acordo com o plano, os revoltosos sairiam do bairro de Vitória e se reuniriam com outros malês vindos de outras regiões da cidade. Invadiriam os engenhos de açúcar e capturariam os escravos. Arrecadariam dinheiro e comprariam armas para os combates. O plano do movimento foi todo escrito em árabe.
Uma mulher contou o plano da revolta para um Juiz de Paz de Salvador. Os soldados das forças oficiais conseguiram reprimir a revolta. Bem preparados e armados, os soldados cercaram os revoltosos na região da Água dos Meninos. Violentos combates aconteceram. No conflito morreram sete soldados e setenta revoltosos. Cerca de 200 integrantes da revolta foram presos pelas forças oficiais. Todos foram julgados pelos tribunais. Os líderes foram condenados a pena de morte. Os outros revoltosos foram condenados a prisão, prisão com trabalhos forçados, açoites ou deportados para a África.
O governo local, para evitar outras revoltas do tipo, decretou leis proibindo a circulação de muçulmanos no período da noite bem como a prática de suas cerimônias religiosas.
Foi posto um fim à importação de escravos muçulmanos para o Brasil de modo que o Islamismo possivelmente desapareceu do país até retornar por meio de imigrantes brancos, em sua maioria sírios e libaneses, provenientes do Império Otomano. A imigração islâmica acentuou-se especialmente a partir da década de 1960.
A aversão à integração à sociedade brasileira e à sua cultura mestiça era uma regra entre diversas colônias de imigrantes, e uma das maneiras de marcar a separação era promover a endogamia.
“Entre os muçulmanos, a pressão familiar era ainda maior. Ainda hoje, alguns pais mandam seus filhos de volta aos locais de origem, no intuito de buscarem jovens da mesma religião, costumes e tradições. Isso é especialmente frequente no caso das filhas”, afirma Elaine Meire Vilela, em “Sírios e libaneses: redes sociais, coesão e posição de status“.
Segundo o censo brasileiro de 2000, o Islamismo é a terceira religião “mais branca” do país (88%), tendo menos de 2% de seus seguidores pretos.
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